Um verde de tirar o fôlego. Uma natureza preservada. Um clima agradável. E muitos passeios. Na Ilha de São Miguel, nos Açores, no meio do Oceano Atlântico, os vulcões, embora estejam sem atividade há milhares de anos, criaram crateras com exuberantes lagoas de água doce pelas mãos da própria natureza. E hoje três dessas áreas - Sete Cidades, Furnas e Fogo - formam a principal atração turística. E por isso estão cercadas de cachoeiras, trilhas e empresas que oferecem atividades esportivas variadas. O ideal é conhecer uma lagoa por dia. Uma dica é se basear na previsão da meteorologia para aproveitar o bom tempo e escapar das nuvens que podem encobrir estradas e lagoas, estragando o passeio. A brincadeira entre os açorianos é que em São Miguel é normal presenciar as quatro estações em apenas um dia. Por isso, leve sempre um casaco na mala do carro, assim como roupa de banho para um mergulho.
Roteiro por Sete Cidades
O destino é Sete Cidades, eleita uma das Sete Maravilhas de Portugal e resultado de quase 20 erupções ao longo de 5 mil anos - a última fase do colapso ocorreu há cerca de 16 mil anos. Separe o dia para curtir o local. Você pode ir de carro ou contratar uma empresa de turismo local. Nós optamos pela Futurismo, o que foi ótimo, pois fomos nos principais locais de sete Cidade. Além disso, o guia da Futurismo, Rodrigo Viveiros, foi super atencioso e explicou tudo para a gente.
Começamos o passeio na Mirador da Vista do Rei (Foto acima). Lá é possível avistar as mais famosas lagoas: a Azul e a Verde, que se comunicam entre si. Embora uma esteja do lado da outra, suas diferentes cores originaram uma lenda, contada de geração para geração. "Diz a lenda que a princesa do reino das Sete Cidades se apaixonou por um pastor. O amor foi proibido pelo seu pai. Mas eles marcaram um último encontro de despedida e choraram. De seus olhos azuis, surgiu a lagoa azul. Das lágrimas do pastor de olhos verdes surgiu a outra lagoa. Embora não tenham ficado juntos, o amor deles ficou ali marcado para sempre. Mas se você não acreditar nisso, há uma explicação química. Uma tem mais algas que a outra e, por ser menos profunda, reflete o verde a sua volta", diz o guia Rodrigo Viveiros, da empresa Futurismo.
Aproveite para se deleitar e apreciar a visual. Do outro lado da rua, um hotel abandonado há mais de 20 anos atrai turistas mais curiosos. Muitos sobem a pé os cinco lances de escadas do antigo Monte Palace para tirar uma foto do visual. Ao pé das duas lagoas, é hora de aproveitar as águas geladas e praticar algum esporte. Empresas variadas montaram ali estandes de onde vendem diversas atividades aquáticas, com preços a partir de 15 euros.
Não deixe de ir também no Miradouro Boca do Inferno, que guarda outra vista espetacular para as lagoas. Nós não conseguimos ver, pois na hora em que estávamos o tempo fechou e nuvens deixaram o visual encoberto.
Ali bem perto, decidimos ir na Lagoa de Santiago (Foto acima). Um bom ponto de referência é o Miradouro da Lagoa de Santiago. É conhecida por Lagoa do Inferno há centenas de anos por apresentar uma cor preta (por ter grande quantidade de rochas negras abaixo da água). Com medo que aparecessem demônios, os moradores rezavam a São Santiago como forma de proteção. A crendice acabou dando nome ao lugar que hoje atrai turistas.
Depois, aproveite para descer até às margens das lagoas Azul e Verde e fazer alguma atividade esportiva, como andar de caiaque. A empresa futurismo tem várias opções super bacanas. Veja aqui o site da empresa e confira as opções. O site é www.futurismo.pt
Não deixa ainda de conferir um pouco do charme das ruelas do centro de Sete Cidades. É uma delícia.
Roteiro pela Lagoa do Fogo
Uma das pérolas da ilha de São Miguel é a Lagoa do Fogo, localizada na área central da ilha e que registrou suas últimas grandes erupções em torno de 1560. Por isso, separe pelo menos um dia inteiro para conhecer a Lagoa e seus arredores. Comece o passeio por um dos pontos mais altos dessa região, na Estação Emissora do Pico da Barrosa é possível ter a incrível experiência de se avistar o oceano dos dois lados da ilha. Bem pertinho, está o Miradouro da Barrosa (Foto acima), parada obrigatória para apreciar a lagoa.
Depois vá até o Miradouro da Lagoa do Fogo, que guarda uma bela vista da lagoa. É a partir desse ponto que se pode fazer uma trilha até as margens da lagoa. É só estacionar o carro, colocar o tênis e descer. Mas prepare-se o trajeto é longo e pode levar mais de duas horas em cada uma das direções. Por isso, acorde cedo e divirta-se. Não deixe de levar um sanduíche para fazer um rápido pic nic e ter uma experiência incrível! Vá também ao Miradouro da Bela Vista, para observar o oceano. É lindo demais.
Depois vá até a Caldeira Velha (Foto acima), no Parque Natural de São Miguel. O espaço, cuja entrada custa por volta de dois euros, conta com piscina natural de água termal, aquecida pela atividade vulcânica. É super agradável. No parque ainda há cachoeira de água gelada. Ou seja, ideal para todos os gostos e ideal para uma boa tarde de passeio. Há ainda plantação de espécies nativas da região e um pequeno museu que conta a origem vulcânica da ilha. Infos no site parquesnaturais.azores.gov.pt
Roteiro pela Lagoa das Furnas
Na Ilha de São Miguel, nos Açores, a Lagoa de Furnas também tem seus encantos e mistérios com seus mais de 100 mil anos. Na região, a dica também é começar o passeio com os miradouros. O Miradouro do Pico do Ferro é o mais famoso e conta com estacionamento de fácil acesso. A sugestão é chegar cedo para garantir uma boa foto. Um pouco mais longe, que tal passar no Miradouro do Salto do Cavalo (Foto acima), que guarda uma vista espetacular da cidade e de sua lagoa? É de tirar o fôlego. Lá é tão alto que é possível ficar na altura das nuvens. É comum as nuvens cortarem as estradas. É um visual único. Como são áreas bem rurais, o ideal é se manter nas vias principais, evitando as ruas menores.
Depois de apreciar o visual, vá descendo até as margens da lagoa. No caminho, o turista logo percebe zonas de vapor saindo do chão com leve cheiro de enxofre, chamado de fumarolas.
Das fumarolas, a mais famosa está às margens da própria lagoa, a chamada Fumarola de Furnas (Foto acima). É lá que os restaurantes depositam, na noite anterior, em panelas lacradas, legumes, batatas e carnes, em buracos cavalos no solo. Ficam lá cozinhando por até oito horas de forma natural apenas com vapor que chega a mais de 80 graus. Para apreciar a retirada das panelas, o ideal é chegar antes do meio-dia. Essa nessa hora que os alimentos são levados para os restaurantes de Furnas. Para estacionar no local é fácil, pois há estacionamento amplo.
Ao redor da lagoa, há ainda o Parque Mata-Jardim José do Canto, cuja entrada custa 3 euros. Na entrada do parque, que data de meados do século XIX, uma escultura batizada de "Gandalf da Furnas", do artista Emmanuel Courtot, retrata o clima bucólico da área. O cenário conta ainda com os contornos da Capela de Nossa Senhora das Vitórias, em estilo neogótico e fachada sem conservação de forma proposital, enormes sequoias, azinheiras e a principal atração do local: a cachoeira Salto do Rosal (Foto acima). Natureza total. Mas evite ir para lá se estiver chovendo.
Na Lagoa das Furnas, é possível desfrutar também de outra fonte de água quente, cujo vapor vem do vulcão da região. Na bela Poça da Dona Beija (Foto acima), cuja entrada custa quatro euros, os turistas se apertam nas cinco piscinas, que apresentam temperaturas de até 40 graus. A mais fria, com uma cachoeira natural, tem 28 graus. Ideal para passar uma tarde, o espaço fica aberto até as 23h e está localizado no centro de Furnas. Mais informações no site www.pocadadonabeija.com
Outro passeio imperdível é se banhar no Parque Terra Nostra, um dos parques de águas de fontes termais, que contam com propriedades terapêuticas por ter alta concentração de ferro, minérios e sais minerais. Por conta disso a cor da água é avermelhada. Fica aberto das 10 h às 18h e custa 8 euros. O parque fica nos fundos do Terra Nostra Garden Hotel, um dos principais hotéis de Furnas. Mais informações no site www.parqueterranostra.com
Os cozidos de Furnas formam o prato mais famoso dos Açores. E agrada até os comensais que preferem uma fritura. Carne de boi, de porco, legumes e batatas são cozinhados juntos por horas em uma panela colocada em um buraco debaixo da terra, que chega a 85 graus de temperatura apenas com o vapor que vem das profundezas do planeta. A combinação cria um tempero natural e único, que nasce da mistura dos próprios alimentos. Como ficam cozinhando por horas, a carne se desfaz na boca.
"Uma panela faz 25 cozidos por dia. Vai uma camada de carne de boi, frango, orelha, barriga de porco, bacon, chorizo, batata doce, cenoura e repolho dentro da panela. Vai tudo a seco. E o vapor da destilação cria a água, que serve de caldo para os alimentos. Tudo é colocado nas panelas por volta das 4 ou 5 da manhã e fica lá cozinhando até o meio-dia a 85 graus. O caldo ajuda também no preparo do arroz. O resultado é uma sabor único e especial", explica o garçom do restaurante Terra Nostra, um dos mais famosos da região.
Mas não se preocupe! Em Furnas, não faltam restaurantes bacanas (com preços variados) para experimentar e se deleitar com o cozido de Furnas.